segunda-feira, 27 de junho de 2011

A propósito de reportagem da revista Isto É

O granberyense Orli Vargas de Souza, referindo-se a reportagem publicada há cerca de 15 dias, enviou interessante depoimento, que transcrevemos para vocês.

Caros Amigos,
A reportagem da revista Isto É, me fez relembrar o tempo de Juiz de Fora, MG. Tempo de Juiz de Fora, tempos de Granbery.
Testemunha ocular dos fatos iniciais da chamada revolução. Estava eu na rua Halfeld, na frente da Galeria Central, lá pelas 21:00 horas, do dia 31/03/1964 (paquerando as garotas, assim como fazia o João Guimarães) quando tive a oportunidade de presenciar um grupo de aproximadamente trinta ou quarenta pessoas que irrompeu pela galeria e subiu a rua Halfeld cantando o hino nacional meio desafinado. Fiquei sem saber o que estava acontecendo. Perguntei a várias pessoas, mas ninguém sabia ao certo do que se tratava. Só mais tarde pelos noticiários das rádios e jornais, fiquei sabendo que se tratava de um movimento revolucionário, de triste memória, como todo e qualquer regime de força.
No dia seguinte, 01/04/1964, no Granbery todos os alunos estavam gritando: “é Jango, é Jango, é Jango Goulart”.
Eu e Roberto Ferreira da Silva fomos uns dos primeiros a sofrer o constrangimento do regime militar. Estávamos na sacada do segundo andar do dormitório do Granbery, onde morávamos, cantando o refrão, se não me engano lá pelas 14:00 horas, quando dois senhores de branco iam subindo à rua Batista de Oliveira e pararam no portão principal, olharam para cima, acenaram para nós e pediram que descêssemos. Ainda no portão principal o Roberto perguntou do que se tratava. Um deles apontou para mim e disse: “qual o seu nome?”. Eu respondi: ”Orli Vargas Sousa”; o outro fez a mesma pergunta ao Roberto, que respondeu: “Roberto Ferreira da Silva”. Os dois agradeceram e foram embora.
NO DIA SEGUINTE, LOGO CEDO, JÁ CONVOCADOS PELO DIRETOR, DR. AGENOR PEREIRA DE ANDRADE, FOMOS AO GABINETE PARA DARMOS EXPLICAÇÕES. A SEGUIR, NA ASSEMBLÉIA DOS ALUNOS, OUTRO SERMÃO.

Só mais um fato para o texto não ficar demasiado longo. Seguiram-se os anos e continuava o embate ideológico. Na minha turma do Granbery havia um colega bastante revoltado com o sistema e confessadamente de esquerda. Nós dialogávamos com freqüência. Eu sempre fui avesso a qualquer ideologia e aos regimes de força, fossem eles de esquerda, direita, centro ou com qualquer outra conotação, como os que são trasvestidos de democracia, mas perpetuam-se no poder, como aconteceu com o PRI no México. Creio mesmo que a sociedade atual deve encontrar novas formas de se auto-governar, pois o Estado-Nação, fundado nos pressupostos de Montesquieu, Rousseau, entre outros, não responde mais aos anseios do homem moderno.
Mas, voltando ao meu colega de turma. Estávamos conversando sobre o regime e ele enfurecido dizia: “ MAS ORLI, ELES (os militares) TORTURA, MATAM, SEQUESTRAM E IMPEDEM A LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO.”. Ao que respondi: “VOCÊ TEM RAZÃO, MAS ME DIGA UMA COISA: NAS DITADURAS SOLICIALISTAS OU DE ESQUERDA DE CUBA E NA UNIÃO SOVIÉTICA, NÃO ACONTECE O MESMO? QUAL A DIFERENÇA?”, ao que ele, infelizmente, me respondeu: “LÁ É FEITO EM NOME DO POVO” e eu argumentei, meio tripudiando: “QUER DIZER QUE LÁ A TORTURA NÃO DOI E AQUI DOI?...”.
Encerramos a conversa. Ele, apesar da inteligência, saiu pensativo e eu não menos reflexivo.
Recebam todos o meu fraterno abraço.


Orli Vargas Sousa

Se alguém não leu e quiser ver a reportagem, pode acessar:
http://www.istoe.com.br/reportagens/141566_OS+EVANGELICOS+E+A+DITADURA+MILITAR?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage


quarta-feira, 22 de junho de 2011

A imprevisibilidade da vida

             Tenho pensado na imensa imprevisibilidade da vida e concluído que noventa por cento dela não se faz dentro dos planos que traçamos e dez por cento puramente acontece ao acaso.
            Constatei para meu espanto, aliás, confortador, que não vivemos a vida que escolhemos e construímos ao longo de nossa existência, desde a nossa tenra infância, mas a que herdamos.
            Rigorosamente somos um pouco de cada um dos muitos com os quais convivemos e quase sempre são estas informações que delineiam nossos caminhos tortuosos.
            Talvez seja em função destes aspectos que Edgar Morin, brilhante pensador francês, aponte-nos os sete buracos negros da educação afirmando que “incerteza é o novo nome do futuro” e esclarece “que a morte é a única coisa certa de nossa vida, mesmo assim imprevisível porque não sabemos a sua hora”.
            Este fenômeno não se dá por falha humana, mas pela imprevisibilidade existente em nosso próprio universo. Basta pensarmos em nosso moribundo planeta que a cada momento nos surpreende com uma instabilidade através de vulcões, terremotos, maremotos, ciclones e fenômenos mais violentos como os dois últimos terremotos.          
            Não imagino que haja ciência mais planejada do que a Economia e também se pode perceber que não há outra ciência onde os buracos e os equívocos têm sido tão vivenciados, a ponto de nos deixar problemas sólidos tão graves, crises quase irreversíveis que penetraram a humanidade inteira.
            Poderia meu leitor indagar - que diferença faz esta constatação? Para mim muito grande, principalmente no que se refere à educação, que tentamos impor aos nossos alunos, dentro do conhecimento moderno que sempre procuramos oferecer, falsas certezas que não se realizaram, investindo sempre nas respostas afirmativas.
            Precisamos passar aos nossos alunos as orientações para conviverem com as imprevisões para aprender lidar com o provisório e  escapar de  pensar a vida como plenamente planejada e retilínea.
            Nossos programas educacionais em sua quase totalidade têm se preocupado por oferecer uma educação bancária, que permite aos educandos, se eles assimilarem falsas certezas, a possibilidade de alcançarem plena estabilidade.
            Rigorosamente isto constitui uma mentira, visto que a instabilidade se encontra na estrutura universal e não somente em nós.
            Creio já ser tempo de parar de ensinar que nosso universo é máquina perfeita e instável em que se pode confiar, por ser imutável e absolutamente previsível, quando de fato ele mesmo é um turbilhão que nos envolve em seu caráter dinâmico e sempre mutável.
            Posso estar sendo repetitivo, e creio que estou, mas quero insistir no caráter incerto da vida, incerteza que não resulta de nossas limitações mas da própria estrutura do universo e que, para tanto, nossa educação deveria se voltar para dar aos alunos uma educação que o prepare para a adequada convivência com as incertezas.
            O incerto é o novo nome do futuro.
Elias Boaventura, junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Encontro do Setor Sudeste Paulista em agosto

Reunião da Diretoria do Setor Sudeste

A Diretoria do Setor reuniu-se no dia 2 de junho na residência dos granberyenses Elias e Sylvana. Na pauta, o planejamento para o segundo semestre de 2011, principalmente o Encontro do Setor Sudeste Paulista, a se realizar nos dias 5 e 6 de agosto de 2011. Foi uma noite bastante agradável, de confraternização e alegria pela recuperação do Prof. Elias Boaventura, e contou com a presença de todos os membros da Diretoria.