terça-feira, 15 de maio de 2012

A Diretoria do Setor Sudeste da ANG reuniu-se em 25 de abril na residência de Almir e Susana Maia. Presentes: Almir Maia, Susana Maia, Arsênio Novaes, Rosemary Gonçalves, Sumie Yokota, Sylvana Zein, Ahiman de Paula Ribeiro.
Na pauta: informações sobre as homenagens prestadas ao prof. Elias Boaventura, programação geral da Associação Nacional, programação do Encontro do Setor Sudeste |Paulista (agosto 2012).

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Prefeitura Municipal de Piracicaba prestou significativa homenagem ao granberyense Elias Boaventura, dando seu nome a  uma Escola Municipal de Educação Infantil.  A denominação aconteceu no dia 17 de abril e contou com a presença de várias autoridades e amigos do homenageado. O presidente do Setor Sudeste Paulista representou a Associação dos Granberyenses na cerimônia.

Palavra do Secretário da Educação, Gabriel Ferrato
Sylvana Zein, Reitor UNIMEP. Secretário José Godoy, Prefeito Barjas Negri




quinta-feira, 5 de abril de 2012

Colocamos aqui a programação geral da Associação dos Granberyenses - Calendário 2012.
Anotem em suas agendas a programação do Setor Sudeste Paulista, prevista para o dia 4 de agosto. Posteriormente estaremos postando mais informações sobre a programação em Piracicaba.

CALENDÁRIO 2012

26 de maio

I ENCONTRO NACIONAL DE GRANBERYENSES - Juiz de Fora, MG

8 h - Cerimônia Cívica Jardim Prédio Granbery
        Homenagem a Juiz de Fora
9 h- Academia Granberyense de Letras Artes e Ciências - Auditório Vittorio Bergo
        Admissão novo acadêmico Walter dos Santos Silva
        Palestra: Símbolos da Cidade- Prof. Ernesto Giudice
11h - Homenagem ao saudoso prof. Elias Boaventura - Auditório Vittorio Bergo
        Lançamento do seu livro: Desmemorias II
12: 30 Almoço de Confraternização (por adesão) - Anexo I
        Reservas: (32) 2101 1830, email:associacao @ granbery.edu.br
14h - Quizgame
15h - Cafezinho na Casa do Granberyense

4 de agosto

CONFRATERNIZAÇÃO SETOR SUDESTE PAULISTA


Presidente- Prof. Almir de Souza Maia – maia.almir@gmail.com
Programação a confirmar

18 de agosto

CONFRATERNIZAÇÃO SETOR BELO HORIZONTE

Presidente-Lauro Timponi – laurotimponi@globo.com

25 de agosto

CONFRATERNIZAÇÃO SETOR RIO DE JANEIRO

Presidente – Cláudia Romano Sant”Anna - claudia.romano@terra.com.br

SEMANA GRANBERYENSE

14 de setembro

ABERTURA DAS COMEMORAÇÕES

8h - Cerimônia Cívica - Jardim Prédio Granbery
20h - Noite Cultural - Anexo I

15 de setembro

10h - Academia Granberyense de Letras, Artes e Ciências  - Auditório Vittorio Bergo
19 horas - Noite da Saudade - Anexo I


16 de setembro

9h - Culto em Ação de Graças - Anexo I
11h - Título da Ordem do Mérito Granberyense - Auditório Vittorio Bergo
12h30 - Almoço de Confraternização (por adesão)
           (32) 2101-1830, associacao@granbery.edu.br

29 de setembro

CONFRATERNIZAÇÃO SETOR BRASÍLIA

Presidente Paulo Roberto Timponirobertotimponi@uol.com.br

14 de novembro

COMEMORAÇÃO DOS 90 ANOS DA ASSOCIAÇÃO DOS GRANBERYENSES

8h - Cerimônia Cívica - Jardim Prédio Granbery
14h30 - Comemoração na Casa do Granberyense

1º de dezembro

III ENCONTRO NACIONAL DOS GRANBERYENSES

 
9h30 - Academia Granberyense de Letras, Artes e Ciências
          Programação a organizar

12h - Almoço de Confraternização (por adesão)
        (32) 2101-1830, Email-associacao@granbery.edu.br
14h - Quizgame
15h - Cafezinho na Casa do Granberyense

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Elias Boaventura, profeta e protestador

“O Cristo que nos salva e nos inspira foi quem primeiro radicalizou. Seu grito de desamparo na Cruz, recusando o aconchego e a proteção do Estado, fez romper o véu do templo e quedar-se impotente o poder arbitrário ali representado na pessoa do Centurião que se viu obrigado a confessar a força do novo poder, da nova vida, do novo reino de justiça e paz. Quem consegue ver Cristo transfigurado não pode se instalar, construir tendas e desfrutar a delícia da brisa das altas montanhas, mas tem que se envolver no redemoinho dos vendavais, descer a serra e encontrar os emudecidos, os enlouquecidos, os estropiados, os empobrecidos para curar-lhes suas enfermidades. Tem que assentar à mesa com pecadores e publicanos, expulsar os vendilhões dos templos e eliminar as figueiras estéreis”.                (Elias Boaventura).

Hoje, o professor Elias Boaventura completaria 75 anos. Entretanto, duas semanas antes de completar mais um ano de vida, ele saiu de cena para atuar no palco da eternidade. Diante da morte de alguém, é comum a expressão popular: partiu para o descanso eterno. Não estou seguro se essa expressão se aplica ao professor Elias Boaventura. Quem o conheceu de forma mais próxima e intensa, sabe que ele sempre foi um ser inquieto e que se incomodava com situações de injustiça ou de exclusão. Pautou boa parte de sua vida por temas de interesse público. Era apaixonado pela vida e lutou incansavelmente pela concretização do “Bem Comum” (no latim: res publica). Sempre sonhou com um mundo mais humano, inclusivo e justo. A citação acima (que é um pequeno trecho do discurso do professor Elias Boaventura como paraninfo da turma de bacharelandos em Teologia de 1980 da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista) retrata um pouco de sua visão teológica e de sua opção ideológica. Tive a honra de ouvi-lo nessa ocasião, pois era um dos formandos. Depois, tive o privilégio de tê-lo como orientador do meu trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Administração Escolar (Lato Sensu) e da minha dissertação de Mestrado em Filosofia da Educação, ambos cursados na Unimep. Mais tarde, ele foi um dos membros da banca do meu doutorado em Ciências da Religião. Portanto, tive a felicidade de ter a presença do professor Elias Boaventura em boa parte de minha formação acadêmica.
Por ocasião de seu ofício fúnebre, o Bispo Paulo Ayres Mattos afirmou que a principal característica do Elias era a sua dimensão profética. Na tradição judaico-cristã, o profeta era aquele que não se intimidava diante dos poderes constituídos e denunciava todas as formas de injustiça, corrupção e tudo aquilo que impedia o estabelecimento da paz (shalom, que no hebraico significa “bem estar social”). O profeta também anunciava o que precisava ser feito para melhorar as condições de vida e estabelecer a paz e a justiça. Era sempre alguém com carisma e com reconhecimento popular. Precisava ser duro em suas denúncias, mas, ao mesmo tempo, ser portador da esperança, anunciando que tempos melhores viriam.
Sendo assim, concordo plenamente com o Bispo Paulo Ayres – o professor Elias Boaventura foi um profeta. Essa característica o tornou um ser humano diferenciado e respeitado por muitos. Além de profeta, o professor Elias foi também um protestador, ou seja, sempre que podia mostrava a sua indignação protestando contra as situações de morte que ferem a dignidade humana e a vida em todas as suas dimensões.
No final do ano passado, Contardo Calligaris, em sua coluna semanal na Folha de São Paulo, relatou que a revista “Time”, como acontece há várias décadas, escolheu para a capa de uma de suas edições de dezembro “a pessoa do ano”, que em 2011 foi o “protestador” (The Protester). Ao invés de escolherem alguém conhecido ou reconhecido internacionalmente, optaram por estampar na capa da “Time” uma pessoa anônima, mas que representava milhares de pessoas que saíram às ruas ou ocuparam praças em diferentes partes do mundo – na Primavera Árabe, onde milhões de pessoas em diferentes países lutaram pelo fim dos regimes autoritários e ditatoriais; nos movimentos de desempregados e indignados com a crise europeia em suas dimensões econômica e política; no movimento Ocupe Wall Street, que procurou mostrar a forte desigualdade social promovida pela concentração do capital financeiro.
As reflexões de Calligaris sobre a decisão da revista “Time” me trouxeram à memória a filósofa política Hannah Arendt, que construiu um conceito diferenciado para a palavra “ação”. Segundo ela, ação é uma atividade política que ocorre no espaço da pluralidade humana e que pressupõe o diálogo entre iguais, não sendo possível a sua manifestação no isolamento. Para Arendet, estar isolado é estar privado da capacidade de agir. Ela ainda afirma que, ao agirem no espaço público, as pessoas possibilitam a gestação de milagres, não num sentido religioso, místico ou transcendental, mas como “interrupções de uma série qualquer de acontecimentos, de algum processo automático, em cujo contexto constituam o absolutamente inesperado”. É a capacidade que homens e mulheres têm, por meio de palavras e atos (ação), de iniciar algo totalmente novo. Cada vez que o espaço público diminui (quando desaparece a capacidade humana de agir em conjunto), há um decréscimo do poder (visto como potencialidade e não como força), e com isso, se ampliam as possibilidades de manifestação da violência.
Elias Boaventura provocou muitos milagres, especialmente no contexto educacional piracicabano e da Igreja Metodista. Ele soube, como profeta e protestador, ocupar o espaço público para, num esforço comum com outros homens e mulheres, criar um mundo mais justo e inclusivo. No caso específico da Unimep, ele deixou um legado que está sintetizado na Política Acadêmica da instituição. Em outras palavras, o DNA da Unimep está intrinsecamente ligado à vida do professor Elias Boaventura. Em muitos textos que li sobre a sua morte, encontrei a pergunta: “quem dará continuidade aos ideais do professor Elias ou quem ocupará o seu lugar?”. A história tem me mostrado que ninguém ocupa o lugar de ninguém na trajetória da vida. Somos únicos e singulares. Cada um vive a sua própria história. Nesse momento, a pergunta deve ser outra: que contribuição temos para tornar o nosso mundo num lugar mais justo, acolhedor e com menos exclusão? Antes do professor Elias Boaventura, a cidade de Piracicaba e a Igreja Metodista já tiveram outros homens e mulheres que colocaram a causa pública acima dos interesses privados e que buscaram a construção de um mundo melhor. Depois dele, outros homens e mulheres continuarão a ser profetas e protestadores e lutarão por uma sociedade onde, como dizia Betinho, não haja seres sobrantes. Espero que eu e você, caro leitor e leitora, estejamos entre eles. Assim, honraremos a memória do prof. Elias Boaventura.


Clovis Pinto de Castro, Reitor da Unimep
Piracicaba, 28 de janeiro de 2012.

As lições do professor Elias Boaventura

Elias é mais um granberyense notável transferido para a Igreja Triunfante, em sete de janeiro de 2012, mas como humanos e seus admiradores, a tristeza de não mais vê-lo é muito grande: "as pessoas não morrem, apenas deixam de ser vistas" (Nundes [Fernando Pessoa]). O que nos consola é saber que "... Jesus Cristo não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho" (2 Tm 1.10).
Apaixonado por sua "alma mater", Trombone, seu apelido entre os puritanos (candidatos à formação teológica no Granbery), aprendeu com o querido e controverso comunista prof. Irineu Guimarães, mas também com Mr. Moore, adepto do socialismo cristão, a defender a causa dos empobrecidos, dos mais fracos, dos marginalizados. Ele não encolhia a mão quando se tratava de apoiar alguém financeiramente ou até mesmo como avalista o que lhe causou vários prejuízos financeiros.
Solidário e defensor do cristianismo prático, como dizia Irineu, gostava de estar com as pessoas que costumava acolher em sua casa planejada e construída para receber os amigos, os granberyenses, os membros de seu partido político. Sylvana, sua esposa cuidadora e anfitriã perfeita, o apoiava incansavelmente nesse "ministério". Seriam as nossas casas o reflexo de nossas vidas?
Cumpriu dois mandados como reitor da UNIMEP (1978/1986) em um período em que o processo de transição político-social do país flutuava em distintas etapas: a definição do papel do Estado, novos partidos políticos, as Diretas Já. A ojeriza pelo socialismo era bastante forte.
Simples, mas ousado e sem temor, declarava-se socialista a quem quisesse ouvir: em plena sessão plenária em concílio da 5a. Região Eclesiástica da Igreja Metodista (nos anos 80, em sua saudação como reitor, no Auditório Verde da UNIMEP) e até mesmo na fundação do Setor Sudeste Paulista da Associação dos Granberyenses, no átrio da Biblioteca da UNIMEP (década de 1990).
Aberto ao diálogo, o reitor Elias costumava se reunir às segundas-feiras com a liderança da Universidade para conversar sobre questões institucionais e suas relações com a Igreja Metodista. Certa feita, numa clara demonstração de seu humanismo e empatia, leia-se – cristianismo prático - pediu ao grupo que tivesse complacência com um de seus assessores que passava por sério problema familiar. O comportamento ético exige de cada um o compromisso de colocar-se no lugar do outro.
A proposta dialógica de Elias é defendida por Habermas (1989) para quem o indivíduo atribui um sentido às suas ações e, graças à linguagem, é capaz de comunicar percepções e desejos, intenções, expectativas e pensamentos. O autor vislumbra a possibilidade de que, por meio do diálogo, o ser humano possa deixar de ser objeto para retomar o seu papel de sujeito.
Elias estimulou a criação da Associação dos Funcionários do Instituto Educacional Piracicabano (AFIEP), pois os docentes já estavam organizados. Ademais, contribuiu com suas palavras, atos e procedimentos para a institucionalização organizacional, imprescindível à estabilidade do processo participativo e democrático na construção cultural da UNIMEP: “os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo paradigmas inscritos culturalmente neles” (Morin, 2000, p.25).
Pena que poucos aprenderam com o professor Elias a lição de que são as pessoas que constroem a história organizacional. Portanto, elas merecem todo o respeito e não devem ser tratadas como meros recursos ou como um dos itens da planilha de custos, o primeiro a ser cortado nas crises financeiras.
Elias não foi bem compreendido no exercício de seu pastorado e nem como reitor da UNIMEP. Ultimamente, sentia-se desvalorizado e triste.
Doente e cansado, não se deu conta de que as organizações somente valorizam as pessoas enquanto são produtivas; quando deixam de produzir ou deixam de ser úteis, são descartadas sumária e impiedosamente. É uma profunda negação dos valores humanos.
Fala-se muito em descobrir talentos, reter talentos, mas no fundo as organizações continuam a achar que os profissionais são peças de reposição: quando sai um, basta substituí-lo por outro. Mas quem irá substituir Elias Boaventura? Quem substituiu João Wesley? Mr. Moore? Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Jorge Amado? Pelé? Allbert Einstein? Picasso?
Termino com a última estrofe da poesia “Agora”, de Myrthes Mathias:
Se queres me fazer feliz, faze-me agora.
Para que chorar de remorso e saudade?
Custa tão pouco a felicidade,
Dá-me uma flor antes que eu vá embora!


Granberyensemente,
Arsênio Firmino de Novaes Netto

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

I Encontro Nacional de Granberyenses 2012

26 de maio de 2012
Homenagem ao Prof. Elias Boaventura

No último sábado de maio, dia 26, será realizado o 1º Encontro Nacional de Granberyenses de 2012 no Granbery, em Juiz de Fora. Na ocasião, quando deverá haver número expressivo de amigos, será feita uma homenagem ao prof. Elias Boaventura.
A programação, que postamos a seguir, pode ainda sofrer alguma modificação.


8 horas - Cerimônia Cívica- (jardim do Prédio Granbery)

9 horas - Sessão solene da Academia Granberyense de Letras, Artes e Ciências (Auditório Vittorio Bergo)

11 horas- Celebração em memória do granberyense Elias Boaventura (Anexo II)

12:30horas- Almoço de confraternização – Anexo I (adesões até o dia 20 de maio pelo telefone 2101-1830 ou email- associacao@granbery.edu.br)

14 horas - Quiz Game

15 horas- Cafezinho na Casa do Granberyense.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ao mestre, com carinho ...

    Vida e obra de Elias Boaventura

                                                                                                                                     Almir de Souza Maia (*)
“Tudo bem, se melhorar estraga”. Essa expressão era conhecida e cantada em verso e prosa pelo Prof. Elias Boaventura, que recentemente nos deixou, mas cuja vida e contribuições permanecem conosco. É mais uma expressão, entre outras que ele utilizava no cotidiano, como que passando sua própria filosofia de vida e trabalho que marcou a todos quantos com ele conviveram. Ele era dessas pessoas cativantes, amiga, amorosa e todos gostavam de estar ao seu lado para admirar e perceber sua forma diferente de viver e interpretar a vida. Os que conviveram com ele podem avaliar a profundidade dos sentidos que ele transmitia na sua forma simples de comunicar. Este é umdepoimento entre tantos que estão sendo escritos após o falecimento do Mestre Elias ocorrido em sete de janeiro passado, não chegando a celebrar seu aniversário que ocorreria em vinte e oito de janeiro.
Portador de sabedoria impar, afirmava ser necessário viver não de forma instalada e passiva, mas com exposição aos conflitos. Não apreciava a acomodação propiciada pelas zonas de conforto, trabalhava na perspectiva da complexidade. Para ele as coisas e os processos tinham que ser tratados no contexto da realidade e necessidades humanas. Afirmava, por isso, que “atrás de morro tem morro” - outra frase curta usada pelo professor e que traduz sua maneira de enxergar a vida e ensinar. Estimulava os processos de crise por acreditar que os conflitos e a explicitação do contraditório ajudavam as pessoas e as organizações a crescerem.
Explicitou essa forma de viver concretamente durante o período em que foi Reitor da Universidade Metodista de Piracicaba (1978/1986). Pessoalmente, tive o privilégio de ser o seu Vice-Reitor, ao seu convite, durante mais de sete anos e posso testemunhar sobre uma convivência de quase quatro décadas com o Prof. Elias. Nessa convivência, senti bem de perto a sua coragem, o que ele representava para a educação e sua preocupação com a inclusão social, democracia, justiça, equidade, daí a sua vida a serviço dos “sem-voz” e sua militância nos movimentos e processos de libertação social no contexto brasileiro. A sua visão de educação destoava absolutamente do senso comum, sobretudo em um período da história política do país em que ele se envolveu para mudá-la.
Enquanto Reitor trabalhou uma proposta de “universidade alternativa” e crítica, que fosse além da educação de manutenção, para dentro e reprodutora do modelo vigente. Propunha uma educação para fora e como instrumento de transformação das pessoas para a vida. Dizia que a sala de aula tradicional não contribuía para essa transformação, afirmação difícil de ser entendida e aceita pela comunidade acadêmica, mas que encerrava a perspectiva crítica e dialética que trazia da educação. Assim, trouxe para dentro da Universidade o debate das grandes questões sociais, quase sempre distante do mundo universitário. E a UNIMEP, como sabemos, foi espaço dessa experiência praticamente inédita na universidade brasileira. Certamente, ele não foi entendido na época e somente mais tarde sua ideologia pôde ser mais bem processada e até aceita. A UNIMEP é depositária dessa herança: Prof. Elias e o coletivo plasmaram a identidade de vanguarda que a caracteriza no cenário educacional.
A visão e atuação progressistas do professor não agradavam a “segmentos reacionários da Igreja”, como ele dizia, e recebeu deles resposta contrária ao que se dizia e praticava na UNIMEP, de acordo com as “Diretrizes para a Educação na Igreja Metodista”. Sua postura crítica e socialista incomodou segmentos da Mantenedora e acabou culminando, em 1985, com uma intervenção desastrosa na Universidade, a qual reagiu para garantir a sua autonomia. Esse fato se tornou conhecido como “janeirada”, uma crise sem precedentes na história da educação metodista no Brasil. O Reitor Elias foi demitido de suas funções e o mesmo também aconteceu comigo, seu Vice-Reitor. Em defesa da autonomia universitária, ele foi protagonista de um movimento que contou com o apoio integral da comunidade da UNIMEP e garantiu a retomada da normalidade institucional. Esse movimento foi suficiente para instalar na Universidade uma postura de defesa da autonomia universitária, à frente da qual ele sempre esteve, em constante vigilância. Mais recentemente, no final de 2006 e em 2007, a UNIMEP novamente teve a sua autonomia ameaçada por decisões do Conselho Diretor. O Ex-Reitor Elias Boaventura, junto com outros ex-dirigentes e segmentos da comunidade universitária, mais uma vez, pôde contribuir com sua experiência em um momento complexo da vida unimepiana. Esteve ao seu lado, refletiu, fez mediações, escreveu vários artigos sobre a maneira inadequada de a Igreja encaminhar as questões na sua relação com a Universidade. Em meio a esses momentos tensos e complexos, o Prof. Elias continuava afirmando: “Tudo bem, se melhorar estraga”.
Ele estudou no Instituto Granbery, em Juiz de Fora, Minas. Durante seis anos foi aluno interno dessa tradicional escola metodista mineira. Amava a sua “alma mater”, que soube respeitar. Chegou a dizer: “... foram seis anos ótimos, aprendi muito como aluno”. Sem dúvida, a sua condição de granberyense foi celebrada em toda a sua vida. Sempre se manteve ativo e participou da Associação dos Granberyenses, entidade que congrega os ex-alunos e vai completar noventa anos. Em Piracicaba, criou, em 1995, o Setor Sudeste Paulista desta Associação do qual foi presidente. No último encontro do Setor, em agosto passado, Prof. Elias recebeu expressiva homenagem dos colegas granberyenses.
No Granbery ele era conhecido como “Trombone”, por causa de sua voz grave e mais por ser a voz de tantos estudantes que buscavam nele ajuda e apoio, especialmente quando em situação de injustiça e de crise. Assim, desde cedo ele trazia em sua vida o compromisso com o sofrimento do outro. Confirmando essa relação com sua ex-escola, em seus planos acadêmicos se preparava para o pós-doutorado na Universidade Metodista de São Paulo e o tema seria o Granbery, não por acaso.

Somos herdeiros e chamados a continuar essa bela história de vida de nosso mestre, com carinho...
(*) Reitor UNIMEP (1986/2002)
Presidente da AG - Setor Sudeste Paulista

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um homem chamado Elias ... ou TROMBONE

E-mail encaminhado por Victor José Ferreira

Elias Boaventura, mineiro de Coimbra, ex-Reitor da UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba, faleceu aos 74 anos, na noite de 7 de janeiro de 2012, em decorrência de um AVC hemorrágico.



“Ele lutou até o fim. É uma grande perda, ele era o meu companheiro, o meu amor”.
Sylvana Zein, sua esposa


“Meu pai era muito querido, por tudo que fez. E, aliás, ele fez muito por muita gente. Era um grande exemplo”.
Rodrigo Boaventura, seu filho


Foi reitor da UNIMEP entre 1978 e 1985, época marcada por grandes acontecimentos que projetaram a instituição em nível nacional como uma universidade compromissada com as questões sociais e políticas. Em uma conjuntura de resistência ao regime militar, a UNIMEP se afirmou como um espaço de debates e crítica, quando permitiu a realização de eventos proibidos pelo Estado, como os congressos da UNE – União Nacional dos Estudantes, estimulou a defesa do reatamento das relações Brasil e Cuba e defendeu a causa palestina.
EPTV – Campinas – SP


FRAGMENTOS DE TESTEMUNHOS


Ele nos deixou, mas deixa marcas indeléveis de humildade, dignidade, humanidade e preocupação com o próximo, especialmente os excluídos em todas as dimensões.
Almir de Souza Maia


Destacou-se bem o papel importante do Elias, sua visão profética, que muitas vezes foi contundente e na contramão do status quo, e por isso mesmo importante no sentido de ver coisas que talvez outros não estivessem vendo.
Luis de Souza Cardoso


Advogado e soldado do contraditório. Ele viveu e atuou na linha da dialética, assumindo isso como sua plena filosofia de vida.

Elias sempre perturbou a Igreja, para desinstalá-la e alavancar sua marcha. É uma pena que esse maravilhoso perturbador tenha “viajado antes do combinado”, como diz o Rolando Boldrin.
Sérgio Marcus Pinto Lopes


Com a morte do Elias, precisamos pedir socorro a Deus, pois a bondade e a fidelidade perdem força e o mundo passa a ser mais perigoso.
Tércio Machado Siqueira


Ceta vez falei com o Elias que eu estava recebendo muitas críticas da Direção do Bennett ao projeto da Creche, que eu ali coordenava. A resposta dele calou fundo e marcou minha postura diante da vida: “Se você só quer aplausos não serve para revolucionária”.
Celinéia Paradela Ferreira


Eu costumava dizer que você, como os gatos, tinha sete fôlegos e ainda ia se levantar, com a sua voz de trombone e continuar caminhando com seu passo lento em busca de alguma boa briga, pra se indignar, pra tomar partido, defender uma causa, fazer justiça... E você partiu, amigo. Ficamos todos um pouco órfãos, um pouco mais fracos, um pouco mais tristes, um pouco mais sós...
Zuleika Mesquita


O Prof. Elias foi um ícone de uma época em que a Igreja clamou por mudanças no país. Foi um verdadeiro baluarte na defesa da redemocratização do Brasil e da justiça social.

Lembro-me quando fui seu aluno, em 1991, de muitas de colocações interessantes, como “não há nada mais espiritual do que um prato de comida na mesa de todos. No Evangelho de Lucas, exceto no caminho de Emaús, todas as vezes que Jesus apareceu depois de ressurreto, comeu com as pessoas”.

“Tem botequins que são verdadeiras igrejas e igrejas que são verdadeiros botequins” - esse era o Elias, provocativo, que escandalizava mas levava a pensar.
Clóvis de Oliveira Paradela


Uma de suas marcas era colocar apelido em todo o mundo e contar “causos”. Era muito mineiro mesmo e granberyense inveterado.
Adahyr Cruz


Prof. Elias Boaventura, Granberyense imortal.
Coroa de flores dedicada pela Associação dos Granberyense – Setor Sudeste Paulista.


ELIAS FALOU E DISSE


... morrer é a coisa mais certa que todos nós temos, morrer é bom... é natural; a morte é a libertação”.
Elias Boaventura, em entrevista à jornalista Beatriz Elias, em 25/10/1995


ELES FALARAM E DISSERAM


As pessoas não morrem; ficam encantadas.
Guimarães Rosa


Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração.
Fernando Brant – “Canção da América”, musicada por Milton Nascimento.

A D E U S
Ao amigo e irmão Elias / Trombone, membro da confraria da Domingueira Poética, desde os tempos em que ela era expedida impressa, pelo correio, para sempre presente com a gente nas lembranças e na saudade.
Victor José Ferreira


Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Sobre Elias Boaventura


Jantar na casa de Elias e Sylvana 
6-8-2011
 Mensagem do Rev. Tércio Siqueira
Em 8 de janeiro de 2012



Hoje, Ronaldo Sathler e eu fomos à Piracicaba para a última homenagem ao amigo Elias.
Lá, encontramos o Benjamim, o “boca”, que estava muito, muito emocionado. Na celebração falaram os bispos presentes (Paulo Ayres, Stanley, Adriel e Josué), a pastoral da UNIMEP e o prof. Almir Maia, pela Associação Granberyense.
Foi abordado o lado acadêmico do Elias, mas, a meu ver, faltou o espírito granberyense e brincalhão do “trombone”. “Faltou, também, o hino do Granbery, memória que estimulava e emocionava o Elias”.
A Sylvana, atual esposa do Elias e a Miriam, ex-esposa, estavam presentes e juntas, chorando, lamentando e recepcionando os amigos e as amigas. Fiquei impressionado com a grande presença de jovens, chorando. Percebi, então, que Elias, também, atraía e fascinava a mocidade universitária. Nunca vi uma consternação coletiva como esta de hoje. Lembrei e tive vontade de ler o Salmo 12: Socorro, Javé! Desaparece o homem bondoso; Eis que! Cessam os homens de fé, dentre os filhos de Adão. Cada qual mente ao seu próximo com lábios fluentes e duplo coração (v. 2-3).
Com a morte do Elias, precisamos pedir socorro a Deus, pois a bondade e a fidelidade perdem força e o mundo passa ser mais perigoso. Todavia, a memória do Elias continuará suscitando, entre nós, reflexão como esta do salmista.
Tenham todos e todas uma boa noite.
Tércio

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Adeus ao Prof. Elias Boaventura

Estimados amigos/as:

A tristeza da separação do irmão, amigo e companheiro ELIAS BOAVENTURA também nos dá esperança e nos estimula a caminhar seguindo o seu testemunho de vida e missão. Ele se foi, mas deixa marcas indeléveis de humildade, dignidade, humanidade e preocupação com o próximo, especialmente os excluídos em todas as dimensões. Uma legião de pessoas foram tocadas pela sua atenção e cuidado... Isso ficou demonstrado, mais uma vez, nesses dias e semanas de sua enfermidade. Como noticiado, ele veio a falecer no final da noite de sábado, 7 de janeiro. Seu corpo foi velado no domingo no Salão Nobre do Colégio Piracicabano/UNIMEP onde centenas de amigos/as compareceram para dele se despedir.
Às 15h30 aconteceu a celebração, organizada pela Pastoral Universitária e dirigida pelo Bispo Josué Adam Lazier, acompanhado das Pastoras Ana Glória Prates Gris da Silva, Ione da Silva e Pastor Nilson da Silva Junior. Durante a celebração um grupo de irmãos/ãs cantaram hinos preferidos pelo Prof. Elias. Participaram também os Bispos Paulo Ayres Mattos, Adriel de Souza Maia e Stanley da Silva Moraes. Usaram a palavra o Bispo Josué, que fez uma exposição da caminhada de vida do Prof. Elias, a Pastora Ana Glória e o Bispo Stanley Moraes, que falou em nome do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. O Prof. Clovis P. de Castro, Reitor da UNIMEP, também fez um relato sobre sua trajetória acadêmica, a influência que o Prof. Elias teve nela e, ainda, sua relevante contribuição no contexto da educação metodista e as marcas que ele deixa na UNIMEP. A nossa Universidade, segundo o Reitor, tem o DNA do Prof. Boaventura. O Reitor comentou que o Prof. Elias, aos 74 de vida, já estava matriculado para realizar o seu Pós-Doutorado na UMESP.

A mensagem foi proferida pelo Bispo Paulo Ayres, que enfatizou a dimensão profética do Prof. Elias Boaventura, inspirando-se no profeta bíblico Elias: uma fala especial para o momento.

Na condição de representante da Associação dos Granberyenses, tive a oportunidade de registrar a relação forte do Prof. Elias com o Granbery, sua Alma Mater, onde estudou por seis anos. Mais tarde foi membro do Conselho Diretor e, em 1996, criou o Setor Sudeste da Associação dos Granberyenses em Piracicaba,  que celebrou em 2010 seus 15 anos de existência.

Em agosto deste ano, por ocasião do Encontro do Setor Sudeste, o Granberyense Elias e a Sylvana receberam uma expressiva homenagem pelo trabalho e dedicação à "... essa Casa que o nome nos dá". Registrei em minha fala que o tema do Pós-Doutorado do Prof. Elias, referido pelo Reitor Clovis, seria o Granbery, mais uma prova da sua grande ligação com essa Casa. Ainda declarei que temos gravação de uma entrevista (25/10/1995) concedida pelo Prof. Elias Boaventura à Jornalista Beatriz Elias, na qual ele tratou de vários temas. Em sua homenagem resgato para vocês trechos de dois assuntos abordados por ele nesta, agora histórica, entrevista. 1. Sobre o Granbery: ele registrou que sua passagem pelo Granbery "foi excelente, grande momento, seis anos no Granbery foram ótimos, aprendi muito [...]". 2. Sobre a morte, quando se referia ao falecimento de sua mãe: "[...[ morrer é a coisa mais certa que todos nós temos, morrer é bom [...], é natural, a morte é libertação [...]".
Após a celebração no Salão Nobre nos dirigimos ao Cemitério Parque da Ressurreição para o adeus final ao corpo do Prof. Elias. A liturgia foi conduzida pelo Rev. Nilson. Muitos amigos/as estiveram presentes.
Pessoalmente, agradeço a Deus pelo privilégio de ter convivido com o Elias e ter aprendido com ele.
Por fim agradeço a todos/as que nos acompanharam nestas últimas semanas com o apoio e participando da corrente de oração. Há indicações de que teremos uma celebração, um Culto Memorial para resgatarmos mais um pouco da vida de nosso amigo Granberyense. Na coroa de flores a ele dedicada, fizemos a seguinte inscrição: ”Prof. Elias Boaventura, Granberyense imortal. Hom. da Associação dos Granberyenses”.
Grande abraço.


Almir Maia/Presidente do Setor Sudeste Paulista

A Associação dos Granberyenses - Setor Sudeste está de luto

Morreu no último sábado, dia 7, em Piracicaba, aos 74 anos, o granberyense ELIAS BOAVENTURA, ex-reitor da Universidade Metodista de Piracicaba (1978-1986) e atualmente professor do Programa de Pós-Graduação daquela Universidade. O professor morreu após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). O velório ocorreu no Salão Nobre do campus Centro da Unimep no Centro de Piracicaba. O sepultamento foi realizado às 16h30 do dia 8 no cemitério Parque da Ressurreição. Foi realizado um culto em memória ao professor e ex-reitor, também no Salão Nobre, às 15h.