segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um homem chamado Elias ... ou TROMBONE

E-mail encaminhado por Victor José Ferreira

Elias Boaventura, mineiro de Coimbra, ex-Reitor da UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba, faleceu aos 74 anos, na noite de 7 de janeiro de 2012, em decorrência de um AVC hemorrágico.



“Ele lutou até o fim. É uma grande perda, ele era o meu companheiro, o meu amor”.
Sylvana Zein, sua esposa


“Meu pai era muito querido, por tudo que fez. E, aliás, ele fez muito por muita gente. Era um grande exemplo”.
Rodrigo Boaventura, seu filho


Foi reitor da UNIMEP entre 1978 e 1985, época marcada por grandes acontecimentos que projetaram a instituição em nível nacional como uma universidade compromissada com as questões sociais e políticas. Em uma conjuntura de resistência ao regime militar, a UNIMEP se afirmou como um espaço de debates e crítica, quando permitiu a realização de eventos proibidos pelo Estado, como os congressos da UNE – União Nacional dos Estudantes, estimulou a defesa do reatamento das relações Brasil e Cuba e defendeu a causa palestina.
EPTV – Campinas – SP


FRAGMENTOS DE TESTEMUNHOS


Ele nos deixou, mas deixa marcas indeléveis de humildade, dignidade, humanidade e preocupação com o próximo, especialmente os excluídos em todas as dimensões.
Almir de Souza Maia


Destacou-se bem o papel importante do Elias, sua visão profética, que muitas vezes foi contundente e na contramão do status quo, e por isso mesmo importante no sentido de ver coisas que talvez outros não estivessem vendo.
Luis de Souza Cardoso


Advogado e soldado do contraditório. Ele viveu e atuou na linha da dialética, assumindo isso como sua plena filosofia de vida.

Elias sempre perturbou a Igreja, para desinstalá-la e alavancar sua marcha. É uma pena que esse maravilhoso perturbador tenha “viajado antes do combinado”, como diz o Rolando Boldrin.
Sérgio Marcus Pinto Lopes


Com a morte do Elias, precisamos pedir socorro a Deus, pois a bondade e a fidelidade perdem força e o mundo passa a ser mais perigoso.
Tércio Machado Siqueira


Ceta vez falei com o Elias que eu estava recebendo muitas críticas da Direção do Bennett ao projeto da Creche, que eu ali coordenava. A resposta dele calou fundo e marcou minha postura diante da vida: “Se você só quer aplausos não serve para revolucionária”.
Celinéia Paradela Ferreira


Eu costumava dizer que você, como os gatos, tinha sete fôlegos e ainda ia se levantar, com a sua voz de trombone e continuar caminhando com seu passo lento em busca de alguma boa briga, pra se indignar, pra tomar partido, defender uma causa, fazer justiça... E você partiu, amigo. Ficamos todos um pouco órfãos, um pouco mais fracos, um pouco mais tristes, um pouco mais sós...
Zuleika Mesquita


O Prof. Elias foi um ícone de uma época em que a Igreja clamou por mudanças no país. Foi um verdadeiro baluarte na defesa da redemocratização do Brasil e da justiça social.

Lembro-me quando fui seu aluno, em 1991, de muitas de colocações interessantes, como “não há nada mais espiritual do que um prato de comida na mesa de todos. No Evangelho de Lucas, exceto no caminho de Emaús, todas as vezes que Jesus apareceu depois de ressurreto, comeu com as pessoas”.

“Tem botequins que são verdadeiras igrejas e igrejas que são verdadeiros botequins” - esse era o Elias, provocativo, que escandalizava mas levava a pensar.
Clóvis de Oliveira Paradela


Uma de suas marcas era colocar apelido em todo o mundo e contar “causos”. Era muito mineiro mesmo e granberyense inveterado.
Adahyr Cruz


Prof. Elias Boaventura, Granberyense imortal.
Coroa de flores dedicada pela Associação dos Granberyense – Setor Sudeste Paulista.


ELIAS FALOU E DISSE


... morrer é a coisa mais certa que todos nós temos, morrer é bom... é natural; a morte é a libertação”.
Elias Boaventura, em entrevista à jornalista Beatriz Elias, em 25/10/1995


ELES FALARAM E DISSERAM


As pessoas não morrem; ficam encantadas.
Guimarães Rosa


Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração.
Fernando Brant – “Canção da América”, musicada por Milton Nascimento.

A D E U S
Ao amigo e irmão Elias / Trombone, membro da confraria da Domingueira Poética, desde os tempos em que ela era expedida impressa, pelo correio, para sempre presente com a gente nas lembranças e na saudade.
Victor José Ferreira


Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2012

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